Com o objetivo-chave de tornar «Famalicão, Centro Português do Surrealismo» a Fundação Cupertino de Miranda realizou obras de remodelação no seu edifício, de forma a criar condições expositivas para assegurar o lançamento do Centro Português do Surrealismo (CPS) – uma expansão e reposicionamento do seu anterior Centro de Estudos do Surrealismo (CES).
Em junho de 1999 o Diretor Artístico do Museu da Fundação Cupertino de Miranda, Bernardo Pinto de Almeida propõe a constituição de um Centro de Estudos do Surrealismo – CES, tendo por base a objetivação de uma coleção cuja tónica estaria assente na consolidação de um núcleo de obras de arte que responderiam a um cariz surrealista.
Existem, hoje em Portugal, vários tipos de coleções institucionais, que se constituem pelo seu caracter exemplar ou temática; a Fundação possui um núcleo muito significativo de obras de artes plásticas características do surrealismo, distribuídas entre várias técnicas, desde pintura, desenho, escultura, colagem, cadavre-exquis ou objetos, que dão corpo a uma coleção que se tem vindo a construir, com caracter próprio e de assinalável importância histórica.
O facto de o Eng.º João Meireles ter doado uma significativa coleção de obras adquirida em condições excecionais a Cruzeiro Seixas definiu uma linha orientadora possível à coleção da Fundação. Foi todavia graças à decisão de prosseguir com aquisições, que foi possível reforçar o núcleo inicial dotando-o de características próprias. Uma segunda fase de aquisições permitiu definir, ainda mais claramente os objetivos da Fundação ao fazer passar uma coleção de tendência generalista a um conjunto de obras significativas do movimento. De acordo com a importância da coleção a ação do CES desenvolveu esforços que permitiram o aumento do acervo através da incorporação de peças representativas do movimento, que facilitam a inserção do museu na comunidade, na região e no país. Esta seleção faz-se tendo em conta as obras que possam mostrar os antecessores do movimento, principais autores ou ainda seus continuadores; ou obras que pela sua raridade, simbologia ou carácter mereçam a integração nesta coleção, que a diferenciam e a convertem numa coleção de perfil único. A proposta inicial de Bernardo Pinto de Almeida foi revista por Perfecto E. Cuadrado, em 2002, com o objetivo de dar continuidade ao CES; fruto dessa revisão constituiu-se um núcleo de trabalho com coordenação geral de Aníbal Pinto de Castro e com um conselho científico de Perfecto E. Cuadrado, Bernardo Pinto de Almeida, José Augusto-França, Rui-Mário Gonçalves, Fernando Cabral Martins, Fernando Silvestre e Osvaldo Silvestre.
Esta segunda fase de ações conferiu ânimo ao CES, cujo percurso se começou a tornar mais evidente colaborando com outras instituições ligadas ao surrealismo e estabelecendo relações privilegiadas com museus e galerias. A par disso alargou-se a vertente museal com uma programação contínua e anual de exposições; os contactos para compra de obras foram sucessivos, pôde efetivar-se a aquisição dos acervos artísticos e documentais de Mário Cesariny e Cruzeiro Seixas, a biblioteca de Ernesto Sampaio e, mais tarde, Gonçalo Duarte, Eurico Gonçalves, Fernando Lemos e Julio. A par da atividade artística, o CES desenvolveu esforços no sentido de tornar a Fundação Cupertino de Miranda e mais particularmente a sua biblioteca num centro de documentação de toda a atividade que diga respeito ao surrealismo e através disso promover o estudo e investigação fazendo da Biblioteca um ponto de passagem indispensável, a quem pretende estudar o universo surrealista em Portugal. Paralelamente o CES manteve um plano editorial contínuo através da publicação dos seus cadernos, catálogos das exposições realizadas no museu, apoios a edições de terceiros, que se mostrem relevantes para os estudos do movimento.